Era o fim. Era o fim e eu sabia-o. Aqueles eram os meus últimos segundos de vida. Já conseguia sentir o sabor do sangue na minha boca e por mais que eu quisesse levantar-me e pedir ajuda não conseguia.
Queria gritar mas a minha garganta parecia fechada e seca. Queria arrastar-me mas os meus membros estavam demasiado pesados. Queria abrir os olhos mas estava sem forças para tal. Queria salvar-me mas era tarde demais para o fazer.
Tarde demais para sair daquele chão imundo e andar pelas ruas como uma pessoa normal. E agora neste momento, neste chão onde estou estendida pergunto-me: Como é que eu cheguei a este ponto? Desculpa mãe por não ser a menina certinha que tu querias, a menina que ia andar sempre de rosa. E pai desculpa por quebrar as nossas promessas. Mas desculpa a mim mesma por me deixar chegar a este ponto miserável.
3 anos antes \ Flashback.
Pela cor das nossas roupas e pelo sitio onde estávamos era fácil perceber que o funeral da minha mãe tinha começado.
Sim, a minha mãe tinha morrido.
Todos me querem fazer acreditar que foi de doença, mas o homem que estava com a minha mãe não a amava, nem nunca a iria amar. Talvez fosse o dinheiro da minha mãe a causa do relacionamento deles, mas agora aquele homem, que todos chamavam de meu padrasto, tinha levado a minha mãe à morte. Na primeira fila, ao lado do meu pai estava eu. Tinha as mãos atrás das costas e uns óculos escuros a tapar os meus olhos, não gostava de chorar nem queria que ninguém me visse emocionado. O meu pai não conseguia conter as lágrimas, apesar de estar com outra mulher noutra casa, sabia que era da minha mãe que ele sempre gostou, as lágrimas escorriam pela cara dele quando o caixão estava a ser enterrado na areia. Pousei a minha mão no ombro dele e apertei-o, confortando-o. Lançámos as flores e o meu pai deu permissão para taparem o caixão.
As pessoas começaram a ir embora, uma por uma. Tal como fazem em vida, mas eu fiquei. Fiquei sozinha em frente à campa da minha mãe. Só eu e ela. Como sempre.
Após o falecimento da minha mãe, decidi ir viver com o meu pai e a minha madrasta para o Canadá. Anne, a mulher do meu pai tinha 34 anos. Era bem mais nova do que ele, loira de olhos azuis. O meu pai? Era um mulherengo mas já não tinha pedalada para acompanhar uma mulher daquelas. Desde que estão juntos não tiveram filhos, nem pensam vir a ter. Comecei a frequentar uma escola nova em Toronto, perto da casa do meu pai e as minhas companhias mudaram completamente. Antes de a minha mãe falecer eu tinha boas notas e era uma aluna exemplar na escola, mas desde que me mudei para esta escola tudo mudou, tornou-se tudo diferente. Para quê estudar se vamos todos acabar por morrer? Para quê passarmos os dias com a cabeça enfiada nos livros se tudo isto vai acabar um dia? Decidi que temos de aproveitar a vida enquanto somos vivos, e aproveitar tudo o que a vida nos dá, mesmo que por vezes não seja o melhor para nós que diferença faz se um dia todos vamos morrer? E a morte é a única coisa certa nesta vida.
3 anos depois.
O som dos carros começou a ficar cada vez mais distante.
As vozes das pessoas ecoavam na minha cabeça.
E a chuva miuda ensopou a minha roupa e congelou-me o corpo. Todo o meu corpo estava dormente e de repente todos os sons se evaporaram.
Será que tinha morrido ?
Queria gritar mas a minha garganta parecia fechada e seca. Queria arrastar-me mas os meus membros estavam demasiado pesados. Queria abrir os olhos mas estava sem forças para tal. Queria salvar-me mas era tarde demais para o fazer.
Tarde demais para sair daquele chão imundo e andar pelas ruas como uma pessoa normal. E agora neste momento, neste chão onde estou estendida pergunto-me: Como é que eu cheguei a este ponto? Desculpa mãe por não ser a menina certinha que tu querias, a menina que ia andar sempre de rosa. E pai desculpa por quebrar as nossas promessas. Mas desculpa a mim mesma por me deixar chegar a este ponto miserável.
3 anos antes \ Flashback.
Pela cor das nossas roupas e pelo sitio onde estávamos era fácil perceber que o funeral da minha mãe tinha começado.
Sim, a minha mãe tinha morrido.
Todos me querem fazer acreditar que foi de doença, mas o homem que estava com a minha mãe não a amava, nem nunca a iria amar. Talvez fosse o dinheiro da minha mãe a causa do relacionamento deles, mas agora aquele homem, que todos chamavam de meu padrasto, tinha levado a minha mãe à morte. Na primeira fila, ao lado do meu pai estava eu. Tinha as mãos atrás das costas e uns óculos escuros a tapar os meus olhos, não gostava de chorar nem queria que ninguém me visse emocionado. O meu pai não conseguia conter as lágrimas, apesar de estar com outra mulher noutra casa, sabia que era da minha mãe que ele sempre gostou, as lágrimas escorriam pela cara dele quando o caixão estava a ser enterrado na areia. Pousei a minha mão no ombro dele e apertei-o, confortando-o. Lançámos as flores e o meu pai deu permissão para taparem o caixão.
As pessoas começaram a ir embora, uma por uma. Tal como fazem em vida, mas eu fiquei. Fiquei sozinha em frente à campa da minha mãe. Só eu e ela. Como sempre.
Após o falecimento da minha mãe, decidi ir viver com o meu pai e a minha madrasta para o Canadá. Anne, a mulher do meu pai tinha 34 anos. Era bem mais nova do que ele, loira de olhos azuis. O meu pai? Era um mulherengo mas já não tinha pedalada para acompanhar uma mulher daquelas. Desde que estão juntos não tiveram filhos, nem pensam vir a ter. Comecei a frequentar uma escola nova em Toronto, perto da casa do meu pai e as minhas companhias mudaram completamente. Antes de a minha mãe falecer eu tinha boas notas e era uma aluna exemplar na escola, mas desde que me mudei para esta escola tudo mudou, tornou-se tudo diferente. Para quê estudar se vamos todos acabar por morrer? Para quê passarmos os dias com a cabeça enfiada nos livros se tudo isto vai acabar um dia? Decidi que temos de aproveitar a vida enquanto somos vivos, e aproveitar tudo o que a vida nos dá, mesmo que por vezes não seja o melhor para nós que diferença faz se um dia todos vamos morrer? E a morte é a única coisa certa nesta vida.
3 anos depois.
O som dos carros começou a ficar cada vez mais distante.
As vozes das pessoas ecoavam na minha cabeça.
E a chuva miuda ensopou a minha roupa e congelou-me o corpo. Todo o meu corpo estava dormente e de repente todos os sons se evaporaram.
Será que tinha morrido ?
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